Dedicada há 20 anos ao tema “Janelas Coloniais”, a artista apresenta sua safra mais recente de obras, que desconstrói o olhar
Exposição montada fisicamente na Demonstrativa terá visitação por meio de vídeos nas redes sociais da BDB Cultural a partir do dia 20

Foto: Exposição montada – Kelly Sousa – BDB / Divulgação
É um clichê dizer que “os olhos são as janelas da alma”, mas isso tem tudo a ver com a obra da artista plástica Malu Perlingeiro. Isso fica evidente em uma exposição de quadros dela que foi montada fisicamente no interior da Biblioteca Demonstrativa do Brasil na última semana e que será apresentada ao público em um vídeo que estreia no dia 20, às 19h, parte de uma semana recheada de atividades em comemoração ao aniversário de Brasília. A mostra apresenta os quadros mais recentes da série “Janelas coloniais”, desconstrução, a quarta fase de obras da série a qual ela se dedica há mais de duas décadas.
“Não fui eu que escolhi esse tema. As janelas me escolheram. Eu pinto de tudo: retrato realista, paisagem, mas sempre acabo voltando a esse tema. Sou encantada pelas linhas retas, pelo movimento das curvas e pelas cores que as janelas sugerem. Eu sempre quis fazer uma arte que mexesse com as pessoas e todo brasileiro, mesmo que não tenha ido a São Cristovão em Sergipe, ou a Pirenópolis em Goiás, em algum momento da vida já passou por casas como as que eu retrato. Ele viu as janelas coloniais, fechadas ou abertas. Ele imaginou como era vê-las por dentro. É a essa memória que eu recorro em minhas obras”, afirma ela.
Nos quadros apresentados pela BDB Cultual, Malu Perlingeiro mistura a representação realista de janelas, quase recortes fotográficos, com fundos de cores sólidas. O público é levado a pensar que se tratam de colagens, um pastiche de imagens de janelas ou até mesmo a costura de fragmentos de tela. Tudo é uma forma fraturada pela artista para seguir obrigando o público a olhar mais detidamente para a obra. Assim, chegamos à soma de olhos, janelas e alma de Malu.
20 anos de um tema

FOTO: Malu Perlingeiro com a “janela 04” – Acervo pessoal
Na equação feita pela arte dela, o primeiro elemento a chegar foi a janela: desde que se graduou em 1998, ela se dedica ao tema “Janelas coloniais”. Inicialmente, elas foram apresentadas fechadas, mas ganharam alma a partir da segunda série de obras dessa coleção: janelas abertas, que convidavam a imaginação do público a recriar ou o interior ou o exterior de um espaço a partir da visão de apenas um recorte observado de fora — ou de dentro — da janela.
O olhar de quem acompanha os quadros de Malu, porém, só entra totalmente no jogo com a terceira revisita ao rema das “Janelas coloniais”: em janelas objeto, ela usava na tela azulejos, madeiras, grades, pedaços reais de janelas demolidas e replicava em pintura o que estava faltando, fazendo o expectador duvidar do que era real na tela. Problemas de saúde, porém, a impediram de continuar trabalhando com materiais tão pesados, é quando começa a série desconstrução.
“Voltei à pintura e quis me libertar: comecei a rasgar as telas, literalmente. Mas foi nos pedaços das janelas que eu encontrei desconstrução. O quadro que está no centro da mostra para a BDB Cultural é uma representação dessa fase. Nele, barbantes parecem amarrar o fragmento de janela à tela. Depois comecei a representar os pedaços de janelas em fundos chapados e até com pedaços de mais do que uma janela. Essa quarta fase me mostrou que eu não precisava mais de uma referência, real, não preciso nem ver a foto de uma janela para pintar. Essas janelas já estão em mim. São esses pedaços de memória das janelas se misturam nas telas”, afirma a artista.
Sobre a BDB Cultural
A BDB Cultural é uma iniciativa do governo federal, por meio da Secretaria Especial de Cultura, do Ministério do Turismo, em parceria com a Biblioteca Demonstrativa do Brasil Maria da Conceição Moreira Salles (BDB) e, por meio de um termo de colaboração, com a organização social Voar Arte para a Infância e Juventude. A agenda que o projeto executará na BDB segue até março de 2022.
“Com a BDB Cultural, vamos renovar a prática de ser uma referência a outras bibliotecas do país para que elas possam abrir suas asas para voos mais altos e dar vida aos seus espaços”, diz o coordenador-geral da BDB Cultural, Marcos Linhares.
Para saber mais sobre os próximos cursos e eventos oferecidos, acompanhe as novidades da BDB Cultural no Youtube (https://www.youtube.com/c/BDBCultural), no Facebook (https://www.facebook.com/bdbcultural), Instagram (https://www.instagram.com/bdbcultural/) e no site www.bdbcultural.com.br da iniciativa.
Sobre Malu Perlingeiro
Malu Perlingeiro é uma artista plástica radicada em Brasília. Nascida na cidade do Rio de Janeiro-RJ, Malu formou-se em 1998 em artes plásticas na UDF, mesmo ano em que iniciou seu estudo do tema das “Janelas Coloniais”, que já teve ao menos quatro revisitas. É o maior tema que aborda em suas telas, ainda que não seja o único, dedicando-se também aos retratos e às paisagens figurativas. É sócia fundadora da Associação Candanga de Artistas Visuais (ACAV), na qual atuou, até 2016, como Curadora e Gestora de Comunicação. Desde 2018 é membro do Conselho Consultivo da ACAV. De 1997 a 2021, participou de inúmeras coletivas e salões de arte no Brasil e no exterior, tendo obras expostas em mais de 20 países, e realizou vinte exposições individuais em território brasileiro. Uma de suas obras integra o acervo permanente do Museu Nacional de Trinidad e Tobago. Outra, integra o acervo do Lateinamérika Institute – LAI, em Viena, Áustria.
Serviço:
BDB Cultural – Abril de 2021
Exposição de Malu Perlingeiro apresentando alguns dos quadros da fase mais recente da série “Janelas coloniais”, reunindo obras das janelas desconstruídas.
20/04 – Estreia da exposição virtual com vídeo no Facebook e no YouTube da BDB Cultural, às 19h.
Outras informações:
Site: www.bdbcultural.com.br
Facebook.com/bdbcultural
Instagram – @bdbcultural